Avanços na gestão de resíduos sólidos são destaque na abertura do Congresso Mundial da ISWA

Cerca de 1.000 pessoas participaram da solenidade de abertura do maior encontro mundial de resíduos sólidos.

O Congresso Mundial de Resíduos Sólidos ISWA 2014, organizado pela ISWA - International Solid Waste Association, em parceria com a Abrelpe – Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais, se iniciou no dai 08 de setembro (segunda-feira), em São Paulo, com a presença de cerca de 1.000 participantes de diversos países. A sessão de abertura, que contou com a presença de autoridades e especialistas, destacou os desafios e avanços registrados na gestão de resíduos sólidos no Brasil e no mundo.

Segundo o secretário de Serviços da Prefeitura de São Paulo, Simão Pedro, a cidade gera diariamente 20 mil toneladas de lixo doméstico, coleta 11 mil toneladas e, até recentemente, reciclava apenas 1,8% do total. “Nossa meta é atingir 10% de reciclagem até 2016. Para isso, vamos universalizar a coleta seletiva para todas as ruas e distritos da cidade até 2016”, ressaltou o representante do prefeito Fernando Haddad, ao acrescentar que atualmente 75 de 96 distritos da cidade contam com coleta seletiva parcial ou total. A prefeitura paulistana, lembrou ele, construiu duas centrais mecanizadas de separação de resíduos, outras duas serão inauguradas até 2016 e o plano e quintuplicar o volume de reciclagem com a participação das cooperativas de catadores.

No âmbito do Estado de São Paulo, o secretário do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, Rubens Naman Rizek Júnior, anunciou o lançamento do Plano Estadual de Gestão de Resíduos, que acontece no próximo dia 25 de setembro. “Temos que criar novos paradigmas e formas na gestão de resíduos sólidos”, observou Rizek Júnior, ao destacar a importância de se estabelecer novas cadeias de reciclagem, novos sistemas de produção a partir de materiais reciclados e de se ter uma nova equação de custos. Ele ressaltou que o governo do Estado de São Paulo vem desenvolvendo vários programas, como o Sistema Integrado de Gerenciamento Online de Resíduos, que ajudou a indústria da construção a dar maior velocidade no rastreamento de resíduos de construção e demolição, e o programa de Gestão Integrada de Resíduos, de qualificação dos funcionários públicos, que já recebeu a adesão de mais de 480 municípios, além do Fecopi, que já distribuiu R$ 300 milhões para ajudar os municípios paulistas na gestão de resíduos.

O secretário de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano do Ministério das Cidades, Ney Maranhão, destacou que 1.865 municípios já dispõem de planos integrados de gestão de resíduos. Segundo ele, houve avanços com a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) nos últimos quatro anos. “Antes da lei, 1.095 municípios tinham sistema de gestão, e agora são 1.240 municípios”, afirmou. Entre 2014 e 2012, o Governo Federal disponibilizou R$ 1,2 bilhão para a implantação da PNRS e tem estimulado também o trabalho dos catadores, por meio do Programa Cataforte, cuja terceira fase tem como foco negócios sustentáveis em redes solidárias.

Apesar dos avanços registrados, o presidente da Abrelpe, Carlos Silva Filho, observou que o atual modelo de gestão de resíduos tem trazido graves problemas ambientais, econômicos e sociais ao País. “Metade da população não tem acesso aos benefícios da gestão de resíduos, e não podemos continuar vivendo com os lixões e aterros controlados”, afirmou. A PNRS estabeleceu prazo de 02 de agosto deste ano para que os municípios dessem a destinação adequada do lixo, o que ainda não ocorreu, adicionando-se a isso que a lei é mais abrangente do que o fechamento de lixões. “Vários países já equacionaram diversos problemas relacionados à gestão dos resíduos, graças a uma interação entre o direito público e privado”, observou o presidente da Abrelpe, ao destacar que o segredo do sucesso é a realização de parceiras, a conjugação de experiências e esforços.

Anfitrião do evento, David Newman, presidente da ISWA, na palestra magna de abertura do Congresso, observou que há muitas urgências ambientais – em Gana, por exemplo, há um lixão com dois milhões de toneladas -, e a ISWA tem trabalhado com as agências de fomento para salvar a população mundial da situação degradante gerada pela falta de gestão dos resíduos sólidos. Mas uma das principais dificuldades é a falta de financiamento para os programas de gestão de resíduos, seja da parte das agências de fomento e até mesmo do Banco Mundial. Do total de US$ 230 bilhões financiados em iniciativas de diversos setores, por parte dessas instituições, apenas US$ 510 milhões se destinaram à gestão do lixo.

Newman destacou que a ISWA tem trabalhado por meio de parcerias com inúmeras instituições, como IFC, CCAC e Unido, e o apoio de muitos voluntários. Há grupos de trabalho em vários países, e a entidade tem promovido mais de 60 eventos de treinamento de gestores. Os efeitos dessas iniciativas já podem ser vistos principalmente na Europa. Iniciativas de conscientização da população, treinamento de gestores, desenvolvimento de programas de gestão dos resíduos e de reciclagem, além da redução do consumo de papel devido ao impacto das mídias digitais, poderão fazer com que o volume de resíduos gerado em 2020 seja semelhante ao de 1990, estima o presidente da ISWA.

Principal evento técnico em âmbito global para discutir práticas, tendências, soluções e desafios do setor de gestão de resíduos sólidos, o Congresso Mundial de Resíduos Sólidos ISWA 2014, acontece de 08 a 11 de setembro no Sheraton World Trade Center, em São Paulo, reunindo cerca de mil participantes de 68 países. Organizado pela ISWA, em parceria com a Abrelpe – Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais, esta é a primeira vez em que o evento é promovido no Brasil.

Além das sessões técnicas, que abrangem cerca de 200 apresentações, o evento propiciará aos participantes a chance de visitar algumas das principais plantas de gestão de resíduos do País, como a recém-inaugurada Central de Separação Automática de resíduos da cidade de São Paulo, unidades de tratamento de resíduos perigosos e um dos maiores aterros sanitários do mundo.

Como parte da programação do Congresso ISWA 2014, acontece o Fórum Global da IPLA - Programa das Nações Unidas para Gestão de Resíduos junto a Autoridades Locais, encontro realizado pela UNCRD – Comissão das Nações Unidas para Desenvolvimento Regional. Lançada em 2009, a IPLA tem como missão promover o aperfeiçoamento da gestão de resíduos junto aos municípios.

O Fórum Global acontece como uma Sessão Especial do Congresso ISWA 2014 e visa discutir os temas mais atuais e promissores para o estabelecimento de uma gestão integrada e sustentável de resíduos sólidos nas cidades.

. [ISWA 2014 -Congresso Mundial de Resíduos Sólidos, de 08 a 11 de setembro (segunda a quinta-feira) | 08 a 10 de setembro (segunda a quarta-feira), das 9h às 18h | 11 de setembro (quinta-feira) - programação especial de visitas técnicas, no Sheraton World Trade Center, Avenida das Nações Unidas, 12.559, Brooklin Novo (Próximo ao Shopping D&D)].

Abrelpe [www.abrelpe.org.br] - Criada em 1976, a Abrelpe – Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais é uma associação civil sem fins lucrativos, que congrega e representa as empresas que atuam nos serviços de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos.

Sua atuação está pautada dentro dos princípios da preservação ambiental e do desenvolvimento sustentável e seu objetivo principal é promover o desenvolvimento técnico-operacional do setor de resíduos sólidos no Brasil.

Comprometida para o equacionamento das demandas decorrentes da gestão de resíduos, a Abrelpe desenvolve parcerias com poder público, iniciativa privada e instituições acadêmicas e, por meio de campanhas, eventos e premiações, busca conscientizar a sociedade para a correta gestão dos resíduos.

No contexto internacional, a Abrelpe é a representante no Brasil da ISWA - International Solid Waste Association e sede da Secretaria Regional para a América do Sul da IPLA (Parceria Internacional para desenvolvimento dos serviços de gestão de resíduos junto a autoridades locais), um programa reconhecido e mantido pela ONU através da UNCRD - Comissão das Nações Unidas para Desenvolvimento Regional.