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24/02/2015 - 08:51

Em duas áreas monitoradas pelo Instituto Mamirauá nascem 4 mil filhotes de quelônios amazônicos


O monitoramento contínuo em áreas de proteção permite que os pesquisadores tenham cada vez mais dados sólidos visando à conservação de espécies. Pensando nisso, o Instituto Mamirauá monitora desde 2009 praias que se formam durante a seca na Reserva Mamirauá, acompanhando o período de reprodução de três espécies de quelônios: iaças, tracajás e tartarugas-da-Amazônia. No ano de 2014, em duas áreas de desova, uma no setor Horizonte e outra no setor Aranapu, foram acompanhados 163 ninhos de iaça, 103 de tracajá e 63 de tartaruga-da-Amazônia. Quase 4.000 filhotes de quelônios nasceram nessas duas áreas, número que poderia ter sido bem maior se não tivesse ocorrido o aumento precoce do nível do rio.

"Desde 2009 fazemos o monitoramento no período de desova. Percorremos a praia todas as noites a procura das fêmeas e os seus ninhos. O ninho é marcado no GPS e fazemos a biometria das fêmeas, pesando, medindo e marcando cada indivíduo e medindo também dez ovos de cada ninho", conta Ana Júlia Lenz, pesquisadora do Instituto Mamirauá. Os filhotes de tartaruga-da-Amazônia levam cerca de 60 dias para emergirem do ninho, já os de tracajá e iaçá cerca de 75 dias. Quinze dias antes de cada prazo, é colocada uma tela de proteção sobre os ninhos, para capturar os filhotes. Quando emergem, eles são coletados. Em um flutuante de pesquisa a equipe faz a medição e marcação de cada um. Depois os filhotes são soltos na mesma praia onde nasceram.

A marcação, medição e soltura dos animais seguem padrões estabelecidos em conjunto com diversos órgãos e instituições de pesquisa. "Em 2014 começamos a seguir um protocolo novo, que é a marcação de filhotes. Todos os filhotes receberam uma marca na falange distal, a ponta de um dos dedos. Essa parte não regenera, e não prejudica em nada o animal", afirma Ana Júlia. Além disso, a adoção dos protocolos permite que se tenha cada vez mais informações consistentes e comparáveis para toda a região amazônica.

Este monitoramento contínuo formou uma base de dados histórica para a região. "Podemos buscar por padrões ao longo do tempo. Por exemplo, se vemos uma tendência de crescimento das fêmeas é porque a população está ficando mais velha ou se elas estão pequenas isso indica um recrutamento de fêmeas jovens para a reprodução", aponta Ana Júlia.

Análises preliminares também apontam para resultados importantes das ações de proteção às praias. "Os dados de recaptura são interessantes para as tartarugas-da-Amazônia, principalmente porque a população da espécie na Reserva Mamirauá é reduzida. No período de monitoramento temos registrado recapturas de fêmeas em anos consecutivos, o que mostra que a área do Horizonte é muito importante e que as fêmeas estão retornando para aquela área protegida para desova", comenta Ana Júlia.

Pesquisadores também acompanham ações fora da Reserva Mamirauá - No final de 2014, pesquisadores do Instituto Mamirauá também acompanharam, a convite do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), a soltura de quelônios na Floresta Nacional de Tefé (Flona Tefé). Comunidades da área de conservação e entornos desenvolvem projetos de conservação de quelônios e proteção de praias de desova no local. Vanielle Vicente, pesquisadora do Instituto Mamirauá, reforçou que a ação "já acontece na Flona Tefé há 3 anos. O interesse em desenvolver o projeto se deu por parte dos comunitários, pois perceberam que não havia mais desova de quelônios em suas áreas. Com isso, tiveram a iniciativa de coletar ovos e transferir para chocadeiras, um cercado feito de madeira onde os ovos são incubados na areia, feitas pelos comunitários em cada comunidade que estava participando da atividade". | Vanessa Eyng.

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