Distrito Federal adota programa ambiental da Itaipu e se prepara para receber Fórum Mundial da Água

Distrito Federal quer apresentar bons resultados na gestão da água. Para isso, adotou metodologia do Cultivando Água Boa, da Itaipu.

Maior evento sobre recursos hídricos no mundo, o Fórum Mundial da Água será realizado pela primeira vez no Hemisfério Sul, em março de 2018, em Brasília (DF). A expectativa é de receber cerca de 40 mil participantes, de 150 países.

Até lá, o Distrito Federal quer apresentar bons resultados na gestão da água, a partir da adoção do programa Cultivando Água Boa (CAB), da Itaipu Binacional. O programa foi premiado pela ONU-Água em 2015 como a melhor prática de gestão das águas.

O Distrito Federal adotou a metodologia do CAB a partir de um acordo firmado com a Itaipu em julho de 2015. O programa foi adotado inicialmente em três bacias hidrográficas: Descoberto (que abastece 67% da água consumida no DF), Paranoá e São Bartolomeu.

“Como seremos sede o Fórum Mundial da Água, queremos apresentar políticas públicas que qualifiquem a gestão das águas no Distrito Federal”, afirmou o Chefe da Unidade Estratégica de Água da Secretaria de Meio Ambiente do DF, Sérgio Augusto Ribeiro, que nesta sexta-feira (18) participa do 13º Encontro Cultivando Água Boa, em Foz do Iguaçu.

Segundo ele, o programa no DF vem priorizando as ações de recuperação de microbacias e de educação ambiental. Já foram realizadas as Oficinas do Futuro (fase de identificação de passivos e planejamento com envolvimento das comunidades) na microbacia do Rodeador (da bacia do Descoberto).

“Agora, estamos dando início às ações de recuperação propriamente ditas, como a recuperação das matas ciliares com o plantio de mudas e a readequação de estradas rurais”, explicou Ribeiro. “Também estamos iniciando um projeto de geração de energia solar em escolas e postos de saúde.”

Para essas ações, o DF já aprovou projetos para obtenção de financiamento junto ao Global Environmental Facility (GEF) e ao Água Brasil Fase 2, que conta com recursos do Banco do Brasil, Agência Nacional de Águas (ANA) e WWF.

Destaque —O CAB deverá ganhar destaque no Fórum Mundial da Água não só pela presença no DF, mas por ser a melhor experiência que o Brasil tem a apresentar, na avaliação do coordenador de Articulação e Comunicação da ANA, Antônio Félix Domingues. “Não há nada parecido no mundo”, afirma.

Um dos principais diferenciais do CAB está na metodologia participativa, com as comunidades diretamente envolvidas na gestão do programa. Essa característica vem permitindo um maior alcance e durabilidade nas medidas adotadas, hoje presentes em 217 microbacias da região Oeste do Paraná, conectadas com o reservatório da Itaipu.

O sucesso da metodologia tem levado outras regiões do País (como Minas Gerais e Distrito Federal) e do mundo (como Espanha, República Dominicana e Guatemala) a adotarem o programa como política pública de gestão da água.

Preparação —Nos próximos dois anos haverá diversos eventos de preparação para o Fórum Mundial da Água. Por meio do projeto Rumo à Brasília, que contará com quatro encontros nacionais e quatro na América do Sul, se pretende divulgar a temática do Fórum para públicos não diretamente envolvidos com a discussão sobre a água (como estudantes, por exemplo), por meio de eventos ligados à gastronomia, artes, educação ambiental e outros.

Outra linha de divulgação serão eventos técnicos e reuniões temáticas que irão definir os eixos de discussão do Fórum. “E uma terceira linha se dará por um processo de articulação política, para atrair a participação de lideranças políticas mundiais, para dar mais peso às decisões que serão tomadas em Brasília”, disse Lupércio Ziroldo, um dos quatro governadores brasileiros do Conselho Mundial da Água (são 36 em todo o mundo).