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15/11/2016 - 06:51

Nações do G20 destinaram US$ 76 bilhões ao financiamento do carvão em todo o mundo, aponta relatório

O investimento em combustíveis sujos garante décadas de poluição climática, mina os objetivos do acordo climático de Paris e a migração para as energia limpas.

Em um flagrante conflito com seus compromissos climáticos globais, as maiores economias do mundo continuam a investir bilhões no financiamento de usinas de carvão, mineração de carvão e infraestrutura de carvão no exterior -—prendendo o mundo em décadas de perigosas emissões de carbono que vão agravar as mudanças climáticas. Apenas nos últimos nove anos, os países do G20 — liderados pela China, Japão, Alemanha, Coréia do Sul e Estados Unidos — investiram US$ 76 bilhões no desenvolvimento do carvão em países como o Vietnã, a África do Sul, a Austrália e a Indonésia. Estas são as principais conclusões do estudo "A Armadilha do Carbono: Como a Economia Internacional do Carvão Prejudica o Acordo de Paris e a Implantação das Energia Limpa", divulgado no dia 14 de novembro (segunda-feira), pelo Conselho de Defesa dos Recursos Naturais e pela Oil Change International (OCI) durante a COP22 em Marrocos.

"Nosso clima sabe: os países não podem jogar dos dois lados. Eles não podem publicamente se vangloriar de reduzir a poluição do clima em casa, enquanto continuam a financiar enormemente o carvão no exterior", alertou o co-autor do relatório, Han Chen, defensor internacional do clima no NRDC. "Essas nações precisam parar de desperdiçar bilhões de dólares em energia suja e colocar mais força financeira nas energias limpas e renováveis e também na eficiência energética. Isso criará empregos e protegerá o planeta da catástrofe climática ".

O relatório lembra que o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas afirma que a queima de combustíveis fósseis está contribuindo para o aumento das temperaturas globais. Para cumprir o objetivo do Acordo de Paris de limitar esse aumento de temperatura a menos de dois graus Celsius — e evitar grandes distúrbios climáticos — o mundo deve fazer a transição para uma energia mais limpa e eliminar os combustíveis fósseis. Mas conclui que infelizmente, os principais governos continuam investindo em projetos que aumentam a dependência do carvão, agravando ainda mais as mudanças climáticas.

Agus Sari, CEO da Fundação Belantara, disse: "Na Indonésia, as empresas já estão desvinculando-se dos investimentos em carvão, devido ao risco de ativos desvalorizados. Sabemos que, na Indonésia, o carvão não resolverá nossas questões de acesso à energia, porque precisamos de maiores investimentos em energias renováveis ??adequadas à nossa geografia e que não tenham os mesmos impactos devastadores nos esforços de conservação e no clima global ".

"O Japão e a China são ambos líderes em tecnologia de energia renovável, mas ao invés de aumentar sua participação no mercado de energia limpa, eles estão optando por sufocar o planeta ao apoiar dezenas de novas usinas a carvão em todo o mundo", destacou Alex Doukas, ativista sênior da OCI. "Cumprir os compromissos do acordo climático de Paris significa se afastar rapidamente dos combustíveis fósseis, mas o uso de escassos recursos públicos para financiar novas usinas de carvão pela China e pelo Japão está levando o mundo na direção oposta".

O Japão é o país que tem mais financiamento para futuros projetos de carvão. Kimiko Hirata, diretor internacional da Rede Kiko, alertou: "Mesmo após o histórico Acordo de Paris e o acordo da OCDE, o Japão ainda está investindo quantias significativas em carvão e incentivando novos projetos — ignorando o fato de que não há espaço no orçamento global de carbono para construir novas usinas a carvão. O Japão não pode se orgulhar de competir com a China espalhando energia suja em todo o mundo. Como signatário do Acordo de Paris, o Japão deve parar de financiar o carvão imediatamente e parar de causar problemas de saúde e catástrofes climáticas. O papel internacional do Japão deve ser apoiar a implantação de energia limpa, não o carvão, nos países em desenvolvimento ".

Entre as principais descobertas do relatório estão: • Entre 2007 e 2015, os países do G20 financiaram projetos internacionais de carvão da ordem de US$ 76 bilhões. China, Japão, Alemanha e Coréia do Sul responderam por quatro quintos desse financiamento: . A China financiou US$ 25 bilhões | . O Japão financiou US$ 21 bilhões | . O Alemanha financiou US$ 9 bilhões | . A Coreia do Sul financiou US$ 7 bilhões.

. Os países do G20 estão considerando financiar novos projetos de carvão no valor de mais de US$ 24 bilhões: . O Japão planeja financiar US$ 10 bilhões | . A China planeja financiar US$ 8 bilhões | . A Coreia do Sul planeja financiar US$ 2 bilhões;

. Os três principais países beneficiários do financiamento de projetos de carvão do G20 são a Indonésia (US$ 11 bilhões), Vietnã (US$ 10 bilhões) e África do Sul (US$ 7 bilhões). Indonésia e África do Sul são membros do G20.

. Os países de baixa renda receberam menos de 2% do financiamento internacional do carvão do G20. Em vez disso, a maior parte do dinheiro foi para países de renda média e alta, contrariamente às alegações freqüentes de que as finanças públicas para o carvão se destinam a ajudar os países mais pobres a expandir o acesso à energia.

Perfil — O Conselho de Defesa de Recursos Naturais (NRDC) é uma organização ambiental internacional sem fins lucrativos com mais de dois milhões de membros e ativistas online. Desde 1970, nossos advogados, cientistas e outros especialistas ambientais têm trabalhado para proteger os recursos naturais do mundo, saúde pública e meio ambiente. NRDC tem escritórios em New York City, Washington, D.C., Los Angeles, San Francisco, Chicago, Livingston, Montana, e Beijing. |www.nrdc.org.

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