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04/07/2017 - 07:14

Da natureza para a natureza


Empresa de Vinhedo aposta no processamento e destinação de resíduos verdes.

Em 2010 foi criada a lei da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). Um dos principais objetivos era acabar com os lixões e com o descarte inadequado dos mais variados tipos de materiais. Os aterros sanitários controlados foram desenvolvidos e receberam mais tecnologia. “O fator gerador do resíduo é responsável pela correta destinação do mesmo, seja pessoa física ou jurídica”, explica Luiz Cláudio de Sá, diretor da Biociclo, empresa que faz a coleta, processamento e destinação correta de resíduos verdes. “Isso vale para poda de árvores, até lâmpadas queimadas, resíduos de construção civil, metais, plásticos e outros”, lembra ele.

Com uma visão empreendedora, Luiz Cláudio percebeu uma oportunidade de negócio para o recolhimento e destinação de material de poda, que é algo rotineiro e precisa ser feito com frequência. Mesmo antes de iniciar as operações a intenção do empreendedor era que a empresa tivesse seus diferenciais. “Primeiro, fomos atrás de quem pudesse receber a poda triturada que iríamos produzir e que certificasse esse material”, conta ele. “Há cinco anos temos um contrato de exclusividade com uma empresa certificada para toda a poda vegetal triturada na região onde estamos sediados”, lembra. O passo seguinte foi adquirir um equipamento que fizesse a trituração.

“Tinha visto um filme da Vermeer no Youtube e gostei da máquina. Mas eu não sabia que a Vermeer estava no Brasil”, conta o diretor da empresa de reciclagem. A solução estava muito mais perto do que ele podia imaginar. “Foi muito interessante porque um dia fui almoçar e no mesmo restaurante esbarrei com um cidadão vestindo uma camisa da Vermeer. Era o Chico (Francisco Genovese). Também estavam o Flávio Leite e o Herbert Waldhuetter.” O empresário perguntou sobre a fabricante de equipamentos e explicou sua intenção. “Falei sobre a Lei da Política Nacional de Resíduos Sólidos e que buscávamos ser uma empresa diferenciada para atender o segmento. Foi aí que descobri que éramos vizinhos. A Vermeer se propôs a fazer um teste com um picador e começamos a negociar.”

Lixo e dinheiro — Em maio de 2012 a Biociclo entrou oficialmente em operação. Desde então já processou e destinou corretamente mais de 7.200 toneladas de resíduos de poda. No inverno o volume diminui bastante, já que as plantas crescem mais devagar. Existe uma sazonalidade, mas em média a Biociclo produz em torno de 170 toneladas de poda triturada por mês. Tudo isso iria para um aterro sanitário, o que é muito comum em diversas partes do país. “Existem condomínios em que tudo é queimado, sem nenhum controle, representando um risco. Ou então é destinado de qualquer maneira, largado na rua ou em terrenos baldios. Vemos muita coisa errada”, lamenta Luiz Cláudio.

De acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos o material resultante da poda é considerado resíduo e não rejeito. Todo o material pode ser aproveitado. “Onde algumas pessoas enxergam lixo, eu vejo dinheiro. Trabalhamos para quebrar esse paradoxo, entre o que é lixo e o que é luxo. Transformamos um material que seria segregado, de uma forma inimaginável, em composto orgânico, em fertilizante.”

Equipamento produtivo — Um picador BC1000 foi o primeiro equipamento que a Biociclo utilizou para triturar os resíduos. Quando a empresa começou a ganhar corpo e os negócios aumentaram houve a necessidade de elevar a produtividade. “Precisávamos de um picador fixo, trabalhando em nosso pátio e outro volante, atendendo os clientes no local da coleta. Hoje temos três picadores, todos Vermeer BC1000”, afirma Luiz Cláudio.

O diretor explica que a fidelidade pelo modelo veio da satisfação com a primeira máquina adquirida. “Pesquisamos o mercado e o BC1000 atendeu a minha necessidade. A primeira máquina está trabalhando há mais de cinco anos e nunca tivemos um acidente de trabalho. É uma máquina extremamente segura. Tem o tamanho, peso e produtividade ideal para o que precisamos”. Segundo Luiz Cláudio o equipamento tritura troncos de até 30 centímetros de diâmetro e consome cerca de seis litros de diesel por hora, trabalhando com força máxima. “A manutenção tem um custo benefício razoável e o mais importante: o equipamento é móvel. Conseguimos levá-lo onde for preciso.”

Em termos logísticos o ideal é que a trituração aconteça no local da coleta. O especialista em poda explica que assim o volume a ser transportado é reduzido entre 60% a 70%, dependendo da densidade do material. “Temos um caminhão com capacidade para 13 metros cúbicos. Então você imagina a quantidade de material triturado que ele é capaz de transportar. Quando é in natura, perde-se muito espaço.”

Rede de negócios — Quase metade dos clientes da Biociclo, cerca de 40%, estão em Vinhedo. A empresa também atende em outras cidades, inclusive nos estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais. Eles estão segmentados entre condomínios, concessionárias de rodovias, empresas de terraplenagem e propriedades particulares. “É comum atendermos produtores rurais que querem fazer a limpeza no terreno. Por exemplo, produtor de figo que precisa erradicar alguns pés de figo. Vamos lá e trituramos as árvores. Se ele quiser pode ficar com o material triturado para usar como adubo. Do contrário nós levamos embora e entregamos a ele uma carta de certificação da destinação ambientalmente adequada, a Certificado de Destinação Final (CDF). Todos nossos clientes recebem”, afirma ele. Luiz Cláudio conta que é comum entre os produtores de uva a utilização do material triturado para forração e preparação do solo para a nova safra. “Tudo depende do que é mais viável para o cliente.”

A rede de negócios da qual faz parte a Biociclo envolve uma vasta carta de segmentos e profissionais. Entre os parceiros da empresa estão engenheiros agrônomos, florestais, paisagistas, biólogos, técnicos. “Temos parceiros para o plantio de grama, desenvolvimento de projetos, relatórios, licenciamentos, supressão de árvores. Em tudo que está relacionado ao nosso negócio temos bons parceiros para indicar”, garante Luiz Cláudio.

Locação — Em 2014, quando a Biociclo encerrou o contrato com um grande um cliente, surgiu uma nova oportunidade. Para não deixar o equipamento parado, eles decidiram investir no ramo de locação de equipamento. Hoje a locação representa mais da metade do faturamento da empresa. O diretor explica que existe a possibilidade de alugar só a máquina ou então com uma equipe pronta para operá-la. “Fazemos do jeito que ficar melhor para o nosso cliente, do modo que ele precisar”, conclui de Sá.

Sítio no pátio— No pátio de trituração da Biociclo tem espaço para a criação de galinhas e uma horta orgânica. O diretor explica que fora do horário de expediente as galinhas são soltas. “Como recebemos muito material verde, isso atrai formigas, escorpiões e outros insetos. As galinhas ajudam a fazer um controle e deixar nosso local de trabalho mais seguro, além de fornecerem ovos para nossos funcionários. Também utilizamos o material triturado como adubo orgânico em nossa horta”. Lá eles plantam alface, rúcula, pimentão, salsinha, erva cidreira, tudo adubado com o material triturado pelos picadores no pátio.

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