Projeto Reflora democratiza conhecimento sobre biodiversidade brasileira

Projeto apoiado pela Natura, já digitalizou 3 milhões de imagens da flora nacional em parceria com mais de 70 herbários do Brasil e do mundo.

São Paulo — Em parceria com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), a Natura apoia o Projeto Reflora, que busca democratizar o acesso à pesquisa e ao conhecimento sobre a biodiversidade brasileira. Desde 2010, quando o projeto teve início, mais de 3 milhões de imagens da flora brasileira já foram digitalizadas, número que supera com folga o plano inicial, que era digitalizar 1 milhão de imagens.

Esse esforço coletivo envolveu 27 bolsistas enviados ao exterior, encarregados de fazer o repatriamento das imagens, antes de acesso restrito aos centros de pesquisa no exterior. Outros 130 bolsistas contribuíram na operação de estações fotográficas no Brasil. Com o uso da tecnologia, foi possível ampliar o acesso a materiais de estudo que antes estavam armazenados apenas em herbários nos Estados Unidos e na Europa, por exemplo.

O programa Reflora foi uma iniciativa do CNPq pensada a partir da reivindicação da comunidade científica da área de botânica, tendo como principal objetivo o repatriamento dos espécimes da flora brasileira coletados nos séculos 18, 19 e parte do século 20 (até 1970) e depositados em herbários estrangeiros. Iniciado em 2010, com a primeira liberação de recursos da agência, o programa conta com o apoio de fontes financiadoras brasileiras (FNDCT/MCTI, CNPq, CAPES, Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa) e da iniciativa privada, que realizou investimentos em recursos humanos para pesquisa e em infraestrutura de tecnologia da informação e comunicação para a transferência, armazenamento e a disponibilização dos dados online com qualidade no Brasil.

"Mas como esse esforço começou antes, informalmente o projeto é mais antigo que isso", diz Rafaela Forzza, pesquisadora do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, sede física do Projeto Reflora. "Historicamente, nós, botânicos e taxonomistas, que classificamos as plantas brasileiras, sempre precisamos percorrer os herbários europeus e americanos para ver as amostras coletadas no século 18 e principalmente no século 19. Então, a necessidade de consultar essas coleções é bastante antiga em nossas vidas."

Com o avanço da tecnologia, que permite a captura de imagens em larga escala e o armazenamento e processamento desse material, botânicos brasileiros conseguiram o apoio necessário para colocar de pé um grande projeto de repatriação de imagens sobre a flora e a biodiversidade brasileiras.

O Jardim Botânico do Rio de Janeiro foi convidado para ser a sede física do herbário virtual, onde seriam manejadas as imagens repatriadas. Desde o início, o projeto contou com dois parceiros internacionais, referências mundiais: o Royal Botanic Gardens, Kew, no Reino Unido, e o herbário do Museu de História Natural de Paris, na França, onde muitas dessas amostras da flora brasileira estavam armazenadas.

Hoje, 70 herbários fazem parte da base de dados, uma expansão considerável. Ao saber da iniciativa, outros herbários nacionais também se interessaram e aos poucos passaram a integrar o projeto. No exterior, são parceiros da iniciativa atualmente o Museu de História Natural de Viena, o Museu de História Natural de Estocolmo, o New York Botanical Garden, o Missouri Botanical Garden e o Instituto Smithsonian, além dos herbários de Harvard e de Edimburgo.

Além disso, quando o herbário virtual do Reflora foi lançado, já havia uma lista de espécies brasileiras, sem imagens, publicada em 2010, que acabou sendo agregada ao novo sistema, tornando-o ainda mais completo. Hoje o projeto Flora do Brasil 2020 e o Herbário Virtual Reflora são ferramentas indispensáveis na vida de muitos cientistas.

"Com essas duas ferramentas juntas, temos conseguido fazer bem mais", diz a pesquisadora. "Em 2008, se você me perguntasse quantas espécies temos na Amazônia brasileira, por exemplo, seria impossível responder de forma sintética. Hoje, temos essa resposta, a partir do conhecimento acumulado, que ainda está sendo construído."

Com os recursos obtidos por meio das parcerias com o Sistema de Informação sobre a Biodiversidade Brasileira (SiBBr) e o Inventário Florestal Nacional (IFN), o time do Projeto Reflora também conseguiu comprar 40 estações fotográficas para realizar a digitalização das amostras. Agora, esses equipamentos são compartilhados pelos herbários brasileiros.

A Natura foi uma das parceiras que originalmente se engajaram com o projeto, em 2010, financiando a contratação de equipes para realizar o repatriamento das amostras encontradas no herbário de Kew, no Reino Unido.

"A Natura é uma empresa nacional que valoriza a biodiversidade brasileira com produtos da nossa flora, buscando um equilíbrio entre uso, repartição de benefícios e floresta em pé", diz Rafaela. "Inicialmente nós não tínhamos uma estrutura. Veja, nós estamos falando de milhares de imagens de alta resolução que ocupam um espaço de memória, armazenamento e processamento gigantesco. Isso precisa estar numa estrutura muito boa. Hoje temos um grande data center, que montamos com parte dos recursos obtidos na iniciativa privada. A Natura foi fundamental neste processo”, complementa.

A Natura — Fundada em 1969, a Natura é uma multinacional brasileira de higiene e cosmética. Líder no setor de venda direta no Brasil, com mais de 1,8 milhão de consultoras, registrou R$ 7,9 bilhões de receita líquida em 2016. Foi a primeira companhia de capital aberto a receber a certificação B Corp no mundo, em dezembro de 2014, o que reforça sua atuação transparente e sustentável nos aspectos social, ambiental e econômico. Com operações na Argentina, Chile, Colômbia, Estados Unidos, França, México e Peru, detém também o controle da marca inglesa de beleza The Body Shop e da australiana Aesop. Produtos da marca Natura podem ser adquiridos com as consultoras Natura, pela Rede Natura, por meio do app Natura ou em lojas em São Paulo, Rio de Janeiro, Paris e Nova York. |www.natura.com.br.