ONG holandesa Black Jaguar Foundation promove ação pela restauração ecológica no Brasil

Escultura de uma onça em tamanho real será pintada pelos artistas Andréa Tolaini e Ivan Nisida durante ateliê aberto ao público.

Com o objetivo de chamar a atenção para o desmatamento, a ONG holandesa Black Jaguar Foundation promove uma ação cultural com foco em promover a restauração ecológica do mais longo corredor de biodiversidade do mundo, o Corredor de Biodiversidade do Araguaia, localizado no centro do Brasil. Esse também é o habitat natural da onça.

A Black Jaguar Foundation foi convidada a participar da Jaguar Parade, uma das maiores exposições de arte urbana e que gera recursos para preservação da onça-pintada no Brasil. No total, 90 esculturas da espécie serão exibidas, trazendo o olhar particular de artistas selecionados em todo o país.

Como parte da iniciativa, uma peça em tamanho real de uma onça será pintada pelos artistas Andréa Tolaini e Ivan Nisida, em um ateliê aberto ao público localizado no Shopping Market Place Iguatemi, em São Paulo, entre os dias 2 e 8 de setembro. Para esta ação, a dupla de artistas desenvolveu o conceito criativo intitulado “Guardiã do Araguaia”. A obra tem o objetivo evidenciar elo simbiótico entre a onça, o rio e as florestas, além de propor uma reflexão sobre a vida como poderoso fenômeno de nosso universo. Ademais, a obra visa valorizar a pujança da natureza brasileira e lançar um apelo pelo cuidado e proteção de nossas matas. A escultura de onça da Black Jaguar Foundation será leiloada em 29 de novembro e parte do valor arrecadado será destinado diretamente à restauração das margens do Rio Araguaia e a construção do corredor de biodiversidade na região.

Perfil — A Black Jaguar Foundation é uma organização que atua na promoção da restauração ecológica do Cerrado e da Amazônia, biomas brasileiros essenciais para o futuro das próximas gerações. Criada em 2009, a BJF visa a construção do Corredor de Biodiversidade do Araguaia, o maior corredor de biodiversidade do mundo, com 2.600 quilômetros de comprimento e até 40km de largura. Esse projeto poderá garantir a sobrevivência do Rio Araguaia, o qual já teve 80% da área de suas margens desmatada e corre o risco de secar até 2050 se nada for feito. O Corredor percorre uma área de 10,4 milhões de hectares, dos quais estima-se que dois milhões deverão ser restaurados com 2,4 bilhões de árvores.

O objetivo inicia da Black Jaguar Foundation consistia inicialmente em produzir um documentário sobre a onça-preta na natureza – um sonho do fundador, Ben Valks. Durante suas numerosas expedições, ele não encontrou a onça-preta, mas a Amazônia drasticamente desmatada. Inspirada pelo poderoso documentário “HOME” de Yann Arthus-Bertrand e sua mensagem de que “todos nós temos o poder de mudar“, a BJF expandiu a sua missão. Desde então, Ben dedicou sua vida a restaurar a floresta amazônica e a savana do Cerrado através da BJF.

Atualmente cerca de 85% da área do Corredor encontra-se desmatada para fins agropecuários. Através de doações de apoiadores nacionais e internacionais a BJF atua como catalisador do Código Florestal Brasileiro, oferecendo apoio técnico e financeiro para que esses proprietários rurais possam se adequar à legislação, que determina que parte das propriedades rurais devam ser preservadas. A ONG oferece todo o processo de restauração e monitoramento das Áreas de Preservação Permanente (APP) e Reserva Legal (RL) com espécies nativas.

Mais de 50.000 árvores nativas foram restauradas entre 2018 e o começo de 2019 em projeto piloto realizado em três propriedades rurais nos municípios de Santana do Araguaia (PA) e Caseara (TO), incluindo a construção de dois viveiros com capacidade de produzir 40 mil mudas por ano. Para garantir apoio técnico ao processo de restauração e monitoramento das áreas degradadas a BJF conta com a parceria da Bioflora e a ESALQ/USP, que estão entre os mais renomados laboratórios de restauração ecológica do Brasil.| www.black-jaguar.org

Os artistas — Andréa Tolaini é artista visual e comunicadora formada pela ESPM e Escola Panamericana de Artes. Nascida em 1984, cursou Desenho e Ilustração na University of Arts – London. Sua caminhada artística inicia em 2009 com o falecimento de sua mãe, a também artista visual Inêns Tolaini. Desenvolveu-se como muralista, ilustradora e escritora. É autora de dois livros escritos e ilustrados pela mesma (Seiva e Mã). Já desenvolveu projetos de poesia visual para SESC Santo André, Coletivo Feminista Saúde e Sexualidade, SESC Consolação. Ministrou oficinas de pintura e desenvolvimento criativo na Universidad Carlos III em Madrid, Unip Vergueiro, SESC Consolação, Sesc Santo André, Can Viés em Barcelona. Participou de exposições coletivas Em Portugal, Espanha e São Paulo. Tem murais feitos no SESC Santo André, Mídia Ninja, Escola Amorim de Lima, entre outros.| https://www.instagram.com/andrea.tolaini

Ivan Nisida é fotógrafo, escritor e artista visual, nascido em Campinas em 1989. Sua obra gravita em torno do tripé Arte, Natureza & Ciência. Descendente de imigrantes suíços, tchecos e japoneses, graduou-se em Relações Internacionais pela PUC-SP, viveu por três anos na França, onde concluiu seu mestrado em Políticas Ambientais (Sciences Po Paris). Em 2018, publicou “Gema”, seu primeiro livro. O artista tem dedicado os últimos 11 anos à causa ambiental, com destaque para seu período como Coordenador Geral da própria Black Jaguar Foundation (entre 2015 e 2019). Tendo viajado por mais de 30 países, Ivan encontra inspiração (e seu ateliê) em suas peregrinações por paisagens naturais, e em sua fauna e flora. | https://cargocollective.com/ivanisida | https://www.instagram.com/ivan_nisida