Painel na COP27 reforça parceria entre Brasil e países árabes

Com foco em sustentabilidade. O evento em Sharm El-Sheik buscou aproximar as partes para fortalecer uma agenda comercial com foco na economia verde, com foco em crédito de carbono e segurança alimentar.

O fortalecimento das relações entre o Brasil e os 22 países que compõem o mundo árabe em torno de uma agenda de economia verde e sustentável foi o foco, no dia 11 de novembro (sexta-feira), de um dos painéis promovidos pelo estande brasileiro na 27ª Conferência de as Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas. A COP27 é realizada em Sharm El-Sheik, no Egito, e segue até o dia 18 de novembro (sexta-feira).

O debate teve como palestrantes a diretora de relações institucionais da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Fernanda Baltazar; a reitora da Faculdade de Transportes e Logística Internacional e Assessora Econômica da União das Câmaras Árabes, a egípcia Sara Hassan Kamal; o secretário-geral da União das Câmaras Árabes, o egípcio Khaled Hanafi, e o secretário-geral da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Tamer Mansour.

— Esse painel é extremamente importante, primeiro porque a COP27 está acontecendo aqui no Egito, um dos países árabes, e eles terão essa continuidade no ano que vem — disse Fernanda Baltazar, referindo-se à COP28, que será realizada em 2023 em Dubai, Emirados Árabes Unidos.

— Este painel procurou mostrar a ambas as partes as oportunidades que existem. O setor privado brasileiro vem trabalhando nessa questão ambiental e os países árabes estão cada vez mais atentos a essas questões, como o mercado de carbono e o acesso à água. Tudo isso está intimamente ligado à segurança alimentar, que é uma questão crucial para os países árabes— continua o Baltazar.

Para ela, o Brasil é visto como um parceiro estratégico nessas discussões e este painel representa mais um passo para o país instigar essas discussões para que as partes trabalhem mutuamente.

A Câmara de Comércio Árabe-Brasileira atua há cerca de 70 anos com o objetivo de conectar brasileiros e árabes para promover o desenvolvimento econômico, social e cultural, tendo ao longo dos anos desempenhado um papel fundamental no desenvolvimento da relação entre esses dois povos.

— Já temos boas relações com o Brasil em outras áreas, mas desta vez a intenção é desenvolver um ambiente de negócios verde. E um dos pontos principais para nós é o mercado de carbono — destacou Khaled Hanafi.

É um caminho cuja pavimentação já está em andamento. Na última semana de outubro, a Arábia Saudita realizou o maior leilão do mundo de créditos de carbono de mercado voluntário. O leilão contou com a presença de mais de 15 países oferecendo créditos. Dos 1,4 milhão de toneladas de créditos de carbono negociados, 250 mil toneladas, o maior volume nas negociações, foram brasileiras. —O Brasil está pronto para exportar seu excedente e o mundo árabe está pronto para comprá-lo —disse o egípcio.

Para Sara Hassan Kamal, as boas relações entre o Brasil e os países árabes facilitam a abertura de novas portas de negociação em torno das agendas da economia verde. —Há um grande potencial nesta colaboração. Devemos trabalhar em alianças estratégicas entre nossos países, tanto no campo econômico quanto no ambiental — orientou.

O secretário-geral da Câmara de Comércio Árabe Brasileira lembrou que os árabes são o terceiro maior exportador do Brasil e o quinto em importações. Ele também destacou que há um mercado enorme envolvendo segurança alimentar e sustentabilidade a ser explorado nessa relação comercial.

—Vejo essa parceria se fortalecendo, além de alimentos, em projetos zero carbono. Vamos trabalhar para que a sustentabilidade aconteça nas parcerias estratégicas entre Brasil e mundo árabe — destacou.

COP 27 — Desde que abriu suas portas no primeiro dia da 27ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas no Egito, o estande brasileiro recebeu visitantes de diversos países.

Representantes de delegações estrangeiras já visitaram a casa do Brasil em Sharm El-Sheik, como Estados Unidos, México, Egito, Suécia, Coreia do Sul, Colômbia, Alemanha, Escócia, Omã, Japão, Canadá, Marrocos, Uganda, República Democrática República do Congo, Paraguai, Reino Unido, China, Portugal, Noruega, Moçambique, Gana, Costa Rica, Holanda, Suíça e Índia.

Além disso, o Brasil promoveu diversos painéis nos quais são discutidos temas relevantes da agenda do país para a COP 27, como geração de energia limpa, mercado de carbono, força da agricultura sustentável no país, entre outros.