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17/11/2022 - 08:22

Agronegócio foi o principal tema no estande do Brasil na COP 27


Segurança alimentar, pecuária sustentável e tecnologias de gestão de resíduos agrícolas foram destaques entre os painéis do dia 15 de novembro (terça-feira) no estande do Brasil na COP 27, no Egito.

Segurança Alimentar e Segurança Climática — Cleber Soares, secretário de Inovação e Tecnologia do Ministério da Agricultura, iniciou o painel com um alerta sobre o papel dos países nas questões ambientais. “Hoje a Europa dita as diretrizes com sérios retrocessos ambientais, principalmente na questão energética. No Mercosul, porém, há uma questão de sustentabilidade que pode garantir a segurança ambiental não só para as pessoas, mas também para outros continentes, porque estamos em um caminho cada vez maior e melhor na produção de alimentos saudáveis ​​e sustentáveis.”

Cleber completou lembrando que o Brasil passou de importador a um dos maiores produtores de alimentos do mundo, mantendo quase 60% do bioma original. — Temos algumas estratégias nacionais que dão suporte e oportunidade para que os produtores evoluam. Entre 2010 e 2020, os produtores rurais brasileiros implementaram 52 milhões de hectares descarbonizantes, e isso é muito relevante — concluiu.

Michelle Macdoch, representante de uma organização filantrópica de produtores rurais da Austrália, elogiou o papel do Brasil na área sustentável e afirmou que 55% das terras de seu país são destinadas à agricultura e pecuária. —Estou feliz em dizer que a Austrália é o maior palco do mundo para o desenvolvimento desta agricultura sustentável—.

Bruna Cerqueira, diretora de Clima, Natureza e Energia do Reino Unido no Brasil, lembrou a importância da parceria com o Brasil e o desafio da segurança alimentar mundial devido à guerra na Ucrânia. —A comunidade internacional está olhando para isso, estamos trabalhando globalmente para prevenir a fome por meio da segurança alimentar. E o Brasil tem um papel fundamental. Se não fizermos isso, o Reino Unido também sofrerá e o mundo também—.

Para Jeremy Adamson, representante internacional do Ministério da Agricultura dos Estados Unidos, a agricultura inteligente e o trabalho com produtores rurais são essenciais para o crescimento sustentável do setor. —Investimos dinheiro para ajudar esses agricultores a reduzir sua pegada de carbono e, ao fazê-lo, preservaremos dezenas de milhares de hectares de terra. Precisamos compartilhar essas experiências de sucesso com o mundo. Esse é nosso compromisso hoje—.

Depois foi a vez de Rodrigo Justos de Brito, Assessor Técnico e Jurídico da Comissão de Meio Ambiente da Confederação Nacional da Agricultura. —A maioria dos pequenos agricultores do mundo não tem acesso à inovação. Defendemos que seja feito um esforço aqui na COP27 no sentido de que haja um investimento maior voltado para esses trabalhadores. Temos que lembrar que a tecnologia é a saída desta crise que estamos vivendo, ela não é o problema—.

Pecuária Sustentável — Fabiana Vila Alves, mediadora do encontro em nome do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Brasil, abriu o painel afirmando a capilaridade da pecuária no Brasil.

— Esta atividade é a única realizada hoje em todos os municípios do país — disse. —Gostaria de destacar que no Brasil já fazemos pecuária sustentável há muito tempo. Nos últimos 30 anos, conseguimos uma redução de 10% nas emissões de metano de nossos animais—.

Para Caio Penido, do Instituto Matogrossense da Carne (IMAC), é importante ressaltar que devemos cumprir a legislação brasileira e incentivar a pecuária de baixo carbono. E nosso clima favorece alguns fatores. Agora é só seguir a lei e intensificar o trabalho”.

Braz Neto, presidente da Liga do Araguai e produtor rural, disse que o setor tem a oportunidade de melhorar ainda mais. —Da mesma forma que buscamos rentabilidade, buscamos produtividade biológica e ambiental. Sei que ainda temos grandes desafios e precisamos criar defesas para o nosso setor—.

O diretor de Sustentabilidade da Friboi, Liége Correira, destacou a importância de apresentar opções aos produtores. — Não adianta pensar que o povo aqui vai definir uma diretriz e ele vai implementar. E se ele não concordar? E devemos fazer dentro da lei, que é uma das mais sérias do mundo. entender que a sustentabilidade não é apenas um pilar, é uma estratégia—.

Ciência, Tecnologia e Inovação para a Sustentabilidade — A última apresentação na manhã de segunda-feira foi centrada na aplicação da ciência ao desenvolvimento sustentável. Marcelo Moralis, secretário de Pesquisa e Capacitação Científica do Ministério da Ciência e Tecnologia, disse que todos os departamentos do ministério estão ligados à sustentabilidade. —Temos projetos como o Regenera Brasil, programa de regeneração de áreas degradadas, áreas específicas de mineração e pastagens. Levamos cientistas para estudar as melhores tecnologias para a regeneração dessas áreas— disse.

Moralis também apresentou o projeto Salas, que está construindo 50 laboratórios na Amazônia, ligados a três usinas no centro do bioma. —eles encaminham as informações para o ministério, onde compilamos e estudamos milhares de dados— disse.

O secretário também apresentou o Projeto Providência, que inova na forma de monitoramento ambiental e da biodiversidade, e o Projeto PPBio, que promove pesquisas científicas para a implementação de políticas públicas de conservação e uso sustentável dos recursos naturais no Brasil.

Programa de Regularização Ambiental Produtiva (Pravaler) — a contribuição do produtor rural para o desenvolvimento sustentável e a segurança alimentar

Pedro Neto, do Serviço Florestal Brasileiro, afirmou que após uma década de trabalho a etapa inicial de implantação do código florestal brasileiro está praticamente concluída, com o cadastramento dos produtores rurais no cadastro ambiental rural, o maior cadastro de informações rurais e ambientais no mundo. —O Brasil assumiu a responsabilidade de ter um código forte e rigoroso, que permita a preservação dos corredores ecológicos e matas ciliares dentro das propriedades, obrigações que o produtor rural já assimilou —disse.

No contexto de economia florestal e recuperação ambiental produtiva por ele apresentado, a posterior obrigatoriedade do Programa de Regularização Ambiental Produtiva (Pravaler) é a iniciativa pioneira de estimular, apoiar e orientar o produtor a ser incluído nos planos de regulação ambiental.

Jaíne Cubas, também do Serviço Florestal Brasileiro, lembrou que o principal objetivo da Pravaler é trazer retorno financeiro ao produtor que preserva. Claudia Mendes, assessora técnica da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, afirmou que os produtores já buscam informações sobre o que fazer daqui para frente, com os passivos ambientais já identificados, e como obter apoio, já que a regularização está sendo enfrentada. —A Pravaler busca a convergência entre todos os atores envolvidos no processo para encontrar alternativas para solucionar os gargalos da regulação ambiental e soluções tecnológicas para ampliar o cardápio de ações que proporcionem retorno econômico ao produtor —disse Mendes.

O papel da ciência na regularização é acompanhar a recuperação ambiental no caso de uma restauração bem-sucedida. Precisamos ter parâmetros para saber quando o produtor está quite com essa restauração. Precisamos conhecer, discutir com os órgãos ambientais, ensinar isso e capacitar técnicos e produtores para o uso dessa ferramenta que facilita o monitoramento.”

Muni Lourenço, vice-presidente da CNA, elogiou a contribuição da Embrapa e do programa Pravaler. —O programa também é bem-sucedido em ajudar na segurança jurídica, que foi apontada como uma grande preocupação para quem busca tranquilidade para produzir e cumprir a legislação ambiental—.

Mercado de carbono e ativos ambientais — Samanta Pineda, advogada especializada em direito ambiental, abriu o painel falando sobre sustentabilidade e valor agregado do produto. "O Brasil precisa entender que isso é uma realidade."

Para Fabiana Vila Alves, do Ministério da Agricultura do Brasil, o país trabalha desde 2010 no plano ABC de descarbonização e recarbonização em diferentes cadeias produtivas.

— Já temos o mercado de carbono como realidade há muito tempo no Brasil, mas precisamos apenas torná-lo operacional. O sistema precisa dar confiança, ter certificações, suporte—.

Fabiana reforçou que muitos produtores precisam de ajuda para entender a oportunidade verde e que o carbono é apenas uma oportunidade. Há outros, como água e biodiversidade, na sustentabilidade. —O produtor não pode pensar no verde estar no vermelho, ele quer saber quanto e quando vai ganhar por apoiar essas iniciativas—.

Ricardo Azevedo, da Stonex, apresentou um vídeo explicativo sobre inovação e tecnologia BlockChain para ações relacionadas ao clima. —O problema do blockchain é que ele é concentrado e temporal. Mas a tecnologia está pronta e preparada para entregar resultados para qualquer ativo. Até as ambientais, de sustentabilidade. Com segurança e transparência; liquidez e distribuição, isso torna o blockchain imbatível—.

Para Ricardo Azevedo, a Block Chain é um caminho para os créditos de carbono, tanto nas empresas privadas, como a Gol Linhas Aéreas, quanto no setor público. Ele deu o exemplo do Governo do Amapá, que possui o registro do selo verde, dono de uma atuação local forte e segura.

Renato Roscoe, diretor executivo do Instituto Taquari Vivo, fez uma apresentação sobre proteção e restauração florestal, estratégias de financiamento via mercado de carbono no Pantanal e Cerrado. —Existe uma grande diferença entre créditos de carbono e metodologias verdes. Esta isenção de responsabilidade precisa ser feita. As práticas também precisam ser seguras. O mais seguro possível—.

Ele mencionou o projeto Redd+ Pantanal, com foco no desmatamento legal evitado, que teve sucesso na proteção das florestas, com 6 fazendas engajadas.

— O Porgrama Alto Taquari, que assore os rios do Pantanal, também recebe atenção especial do nosso instituto, pois os rios passam por um processo silencioso de degradação. Reduzir o assoreamento, restaurar a vegetação nativa, pastagens e melhorar a pecuária são intervenções importantes e o crédito de carbono é essencial para o sucesso do projeto—.

Políticas públicas de adaptação e mitigação nos trópicos e a experiência do SENAR para produção de alimentos em áreas com agricultura de baixo carbono.

Antônio De Salvo, Engenheiro Agrônomo da CNA, abriu o painel afirmando que —as políticas públicas devem continuar em qualquer governo, independentemente dos aspectos políticos—.

Eleneide Doff, da Embrapa, falou sobre o plano setorial de adaptação às mudanças climáticas e baixas emissões de carbono, iniciado em 2010. —Os resultados fazem desta política uma das melhores e mais desenvolvidas do mundo. Sustentável, resiliente e conservador. Atingimos 52 milhões de CO2 em dez anos—.

Alexandre de Oliveira Barcellos, também da Embrapa, apresentou o Programa Brasileiro de Carbono Verde. —Nos últimos 40 anos, a agricultura brasileira evoluiu muito e muito mais do que no resto do mundo em termos de tempo e capacidade de economizar terra. O país quer fortalecer e promover a cadeia de descarbonização, definindo as linhas básicas de certificação projeta e desenvolve a base de um sistema integrado em 3 pilares: mitigação, sequestro e captura—.

Para Medeiros, os produtores rurais precisam entender que fazer parte do ABC é um benefício para sua sobrevivência. —Mais de 40 milhões de hectares de tecnologia nos últimos anos foram impactados pela ABC e esperamos incluir mais 73 milhões de hectares até 2030—.

Rafael Costa, coordenador do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR), disse que a organização atingiu, nos últimos anos, mais de 220 mil beneficiários, mais de 90 mil hectares de terras recuperadas, com 2,3 toneladas de unidades animais por hectare. —A produção de alimentos nas áreas do ABC gera mais renda para os agricultores. O aumento da renda bruta chegou a três vezes mais do que o do agricultor comum—.

Tecnologias de Gestão de Resíduos Agrícolas que contribuem para a mitigação e adaptação às Mudanças Climáticas O pesquisador da Embrapa Airton Kunz abriu o painel comentando a importância de conhecer as cadeias que envolvem a produção de alimentos, que estão ligadas às oportunidades de mitigação da emissão de gases de efeito estufa. —Isso pode ser feito por meio de inventários e gestão de resíduos para utilizá-los na cadeia de energia renovável, como queima de biomassa e geração de biogás—.

O professor Jorge Lucas, da Unesp, avalia que nem tudo precisa virar créditos de carbono remunerados e que uma boa gestão já promove ganhos ambientais, econômicos e sociais. — A integração das atividades é um fator de ganho ambiental. Podemos fazer isso mesmo nas grandes destilarias de álcool — disse.

Lucas Tezza apresentou o caso da Fumacense, empresa alimentícia que desde 2008 utiliza casca de arroz para fornecer energia a todo o parque industrial, e a cinza da casca, que corresponde a 20% da casca queimada, composta por sílica e que em a maior parte é utilizada por siderúrgicas, cimenteiras e cerâmicas de tijolos.

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