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07/11/2008 - 10:16

Água de Lastro Brasil: uma ONG contra a invasão de espécies exóticas na costa brasileira

Durante o V Seminário Brasileiro de Água de Lastro, em Arraial do Cabo (RJ), no dia 6d e novembro (quinta-feira), foi lançada a organização não-governamental “Água de Lastro Brasil”, criada com o objetivo de contribuir para a proteção das espécies aquáticas nativas do Brasil contra a invasão de espécies exóticas trazidas pela água de lastro de navios transoceânicos. Devido à sua extensa faixa litorânea e ao tráfego de embarcações mercantes internacionais, o Brasil é um dos países mais vulneráveis à bioinvasão. Diariamente, diversos navios atracam nos portos brasileiros, sem que haja controle efetivo das condições em que ocorrem as trocas da água de lastro nessas embarcações.

A água de lastro é a água captada do mar ou do rio e armazenada em tanques nos porões dos navios, com o objetivo de dar estabilidade às embarcações quando estão navegando sem cargas. Um navio que chega ao Brasil com água de lastro captada de outro país, por exemplo, pode trazer espécies aquáticas nocivas às espécies nativas brasileiras, além de organismos patogênicos e tóxicos. Estima-se que cerca de 40 milhões de toneladas de água de lastro sejam lançadas no Brasil todos os anos.

“Embora o Brasil tenha uma lei que obrigue os navios a fazerem a troca da água de lastro à 200 milhas da costa, muitas embarcações não seguem esse procedimento e acabam descarregando a água quando atracam no porto”, explica o presidente da ONG, Newton Narciso Pereira, que é pesquisador da Escola Politécnica da USP. Ele acrescenta que não existem leis que obrigem a fiscalização das embarcações operando nos portos nacionais. “Como a troca de água em alto-mar implica em maior gasto de combustível e risco de acidentes, muitos comandantes preferem driblar a lei.”

Bioinvasão – A falta de controle da água de lastro já produziu casos concretos de bioinvasão no Brasil com prejuízos sociais e econômicos. O caso mais conhecido é o do Mexilhão Dourado (Limnoperna fortunei), um molusco originário do sul da Ásia que foi introduzido no Brasil em 1998 por navios mercantes, e tornou-se uma praga nas bacias do Paraná, Paraguai, Uruguai e Bacia Jacuí/Patos. Onde se dissemina, esse molusco passa a ocupar o lugar de espécies nativas. E, como não tem predadores naturais, todo o ecossistema começa a ser alterado com a presença do invasor. Nas usinas hidrelétricas, esse molusco também prejudica a operação de equipamentos submersos e obstrui tubulações, chegando a interromper as operações. “Organismos patológicos ou tóxicos também são um risco para a vida aquática nativa, a exemplo do fungo do caranguejo letárgico que está matando caranguejos em diversos estados do Nordeste,”, alerta Pereira.

Mas não é só a água de lastro que pode trazer invasores. Incrustrações nos cascos do navio, em tubulações, correntes, âncoras e hélices também podem servir de ‘vetores’ para esses organismos. Por isso, a ONG “Água de Lastro Brasil”, além de se dedicar aos estudos relativos à invasão de espécies aquáticas por água de lastro, também pretente contribuir na avaliação do impacto das incrustrações nos cacos dos navios. “Trata-se de um problema complexo, que exigirá da ONG uma atuação em diversas frentes”, diz Pereira.

Atuação multidisciplinar – Constituída por um grupo de pesquisadores especializados em Engenharia Naval e Oceânica, Logística, Qualidade, Transporte Marítimo e Fluvial, Planejamento Portuário, pertencentes ao Centro de Inovação em Logística e Infra-estrutura Portuária (CILIP); a ONG pretende estabelecer parcerias com os setores públicos e privados para propor métodos de trabalho, baseados em pesquisas científicas, que inibam a contaminação da costa brasileira por espécies não-nativas, e organismos patogênicos.

“Para minimizar o problema, é necessário que os órgãos governamentais estabeleçam políticas públicas para o gerenciamento da água de lastro, além de promover a conscientização de armadores, tripulação, órgãos do governo e agentes fiscalizadores para a gravidade da questão”, enfatiza. “Só com a participação dos setores envolvidos conseguiremos proteger nossas espécies aquáticas”, finaliza. | [email protected].

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