Com mudanças climáticas, meteorologista ganha papel de destaque na sociedade

Instabilidade do tempo e necessidade de conhecimento sobre equipamentos de alta tecnologia estão destacando cada vez mais o trabalho destes profissionais na sociedade.

A instabilidade do clima e os fenômenos adversos da natureza têm feito com que cada vez mais pessoas busquem informações sobre meteorologia e utilizem a previsão do tempo. Uma tendência que é crescente, segundo Mauro Banderali, diretor da empresa de monitoramento ambiental Ag Solve, sediada em Indaiatuba, no Interior de São Paulo. "Com as anormalidades climáticas acontecendo em maior freqüência e intensidade, a meteorologia ganhou visibilidade, passando a ter um papel fundamental junto à sociedade. Acredito em uma grande valorização do profissional meteorologista nos próximos anos com maior reconhecimento de seu trabalho", destaca ele.

Segundo a pesquisadora do Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas a Agricultura (Cepagri) da Unicamp, Ana Maria Heuminski de Avila, a grande questão para este novo olhar das pessoas sobre a ciência da meteorologia é o "risco de perda". Para ela, a meteorologia tem tido como função primordial minimizar riscos antecipando-os, como um instrumento de mitigar os efeitos de fenômenos adversos, localizando problemas e preservando a vida. "Com as mudanças climáticas, as pessoas têm procurado mais informação e tido maior interesse no assunto, pois o risco de perda aumentou muito. Atualmente, há a preocupação de se fazer planejamento tanto para o início de um plantio agrícola, como para o trabalho em uma confecção de malharia, quanto para dar uma festa ou ir à praia. A necessidade de adaptação à adversidade tornou-se inevitável", garante Ana Maria.

De acordo com o professor do Curso Técnico de Meteorologia do Centro Federal de Educação Tecnológica de Santa Catarina (CEFET-SC), Mário Francisco Leal de Quadro, essa difusão do uso e interesse pela meteorologia na sociedade já é visível. "Hoje em dia, praticamente todos os meios de comunicação divulgam a previsão de tempo para o público em seus jornais e portais. Isto porque, diversos setores da sociedade, como empresas de geração e distribuição de energia, instituições de gestão e pesquisa agropecuária, concessionárias de serviços públicos e sistemas públicos de defesa civil dependem diretamente de informações meteorológicas atualizadas e constantes para suas atividades", diz ele.

Inclusive, cada vez mais indústrias, estações de pesquisas, instituições agrícolas, mineradoras, siderúrgicas e outras tem instalado estações meteorológicas próprias, com contratação e supervisão destes profissionais, segundo Banderali, que comercializa estes equipamentos para as empresas. "A implantação de estações particulares tem sido fundamental para todos que precisam obter uma previsão meteorológica diferenciada e a análise climatológica específica em uma determinada região. O acirramento das adversidades climáticas também estão fazendo com que os empreendedores tenham suas próprias estações, com a finalidade de evitar danos e prejuízos, ou como monitoramento dos que antes não se mensurava".

A meteorologia é uma ciência que vem ganhando cada vez mais notoriedade e credibilidade, não só pela necessidade do uso das informações no dia-a-dia, como também pelo aumento no índice de acerto das previsões. A precisão das informações pode ser atribuída em boa parte ao grande avanço da tecnologia dos equipamentos existentes. "Já é evidente uma maior confiabilidade da sociedade por conta da qualidade dos dados coletados. Nos últimos 15 anos, os índices de acerto têm sido bem maiores, graças à melhoria do conhecimento, dos equipamentos e da tecnologia disponível, como novos modelos matemáticos, softwares avançados, internet, etc", avalia a pesquisadora da Unicamp.

Uma profissão em ascensão - O meteorologista tem um amplo mercado de trabalho pela frente, principalmente, quando especializado em outras áreas de atuação, como agronomia, hidrogeologia, oceanografia, engenharia ambiental, entre outras. "Hoje em dia buscamos uma relação interdisciplinar com outras profissões que trabalham principalmente com o meio ambiente, que vem sido bastante afetado com as mudanças climáticas", afirma o professor da CEFET-SC. Já o diretor da Ag Solve, acredita que profissionais que trabalham com a meteorologia ligada às demais ciências naturais, englobando os fenômenos do céu, da terra e do mar tem tido maior destaque no mercado de trabalho. "Os cientistas e profissionais que atuam nestas áreas se enquadram dentro de um perfil profissional que, certamente, está em expansão", diz Banderali. "Todo profissional precisa se aprimorar e nessa área é imprescindível gostar de química e matemática. A meteorologia é uma área muito ligada a outras, já que o trabalho todo só é possível se realizado em conjunto", completa a pesquisadora da Unicamp, Ana Maria.

Segundo o professor Quadro, "pelo tamanho do Brasil, são poucos profissionais formados que atuam na área, portanto, a Meteorologia é um mercado em expansão. Na nossa página da internet, constantemente, recebemos muitos e-mails perguntando o que se estuda no curso, e como faz para ingressar".

Entre as principais matérias estudadas estão Climatologia; Princípios de astronomia e geodésia; Física da atmosfera; Princípios de meteorologia sinótica e dinâmica; Técnicas de observação e codificação meteorológica; Instrumentação meteorológica; Estações convencionais e automáticas; Princípios de sistemas de monitoramento remoto; Aplicativos computacionais para meteorologia; Sistemas de bancos de dados; Lógica de programação.

. [Para saber mais sobre a carreira de meteorologista eis os links: http://www.cefetsc.edu.br/~meteoro | http://pc16.lacesm.ufsm.br/meteorologia | http://www.inpe.br/pos_graduacao/cursos/meteorologia/index.php | http://www.agsolve.com.br].