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02/06/2009 - 09:40

Às vésperas da Semana Mundial do Meio Ambiente, levantamento do Rio como Vamos mostra áreas da cidade onde o verde é raridade

Rio de Janeiro – Às vésperas da Semana Mundial do Meio Ambiente (de 1º a 5 de junho, quando se comemora o Dia Mundial do Meio Ambiente), levantamento do movimento Rio como Vamos (RCV) mostra que, embora o município do Rio de Janeiro tenha 15 importantes parques florestais, totalizando mais de 16 mil hectares de área verde, o total da cobertura vegetal natural da cidade, de acordo com dados do Instituto Pereira Passos (IPP), não passa dos 24,03% de seu território. Já o Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica, recém divulgado pelo INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e pela Fundação SOS Mata Atlântica, revela um dado ainda mais sombrio: o município, que originalmente teve 99% de sua área coberta por Mata Atlântica, hoje tem apenas 18%.

O levantamento do RCV mostra que as Regiões Administrativas de Vigário Geral, Jacarezinho, Centro e São Cristóvão não têm hoje qualquer resquício de cobertura vegetal natural, segundo os dados do IPP incluídos no sistema de indicadores do movimento. As RAs do Centro e São Cristóvão só não podem ser consideradas desertos graças a parques como o Campo de Santana e a Quinta da Boa Vista, ilhas verdes no meio da selva de pedra. Outras regiões com menos de 1% de sua área com cobertura vegetal natural são Inhaúma, Alemão, Cidade de Deus, Ramos e Irajá. Segundo Relatório de Qualidade do Ar da FEEMA de 2007 (o mais recente já consolidado pelo órgão ou pelo INEA – Instituto Estadual do Ambiente, que engloba os hoje extintos FEEMA, IEF e SERLA), Bonsucesso, na RA de Ramos, e São Cristóvão são bairros onde o índice de qualidade do ar (IQAr) se mostra “inadequado”, segundo padrões estabelecidos pela Resolução 03/90 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA).

Em situação completamente oposta estão as Regiões Administrativas da Tijuca, que inclui o Alto da Boa Vista e tem cobertura vegetal natural presente em 72,06% de seu território; Rocinha, Ilha de Paquetá e Santa Teresa, as três com mais de 40% de cobertura; e Guaratiba, Lagoa, Jacarepaguá e Barra da Tijuca, com mais de 30%. São nessas regiões que se concentram 11 dos 15 parques florestais do município (da Tijuca, da Cidade, do Penhasco Dois Irmãos, da Catacumba, de Marapendi, da Pedra Branca, de Grumari, da Prainha, Chico Mendes, bosques da Freguesia e da Barra), sob gestão municipal, estadual ou federal.

Ao todo, entre reservas florestais, parques, APAs (áreas de proteção ambiental), áreas de interesse ecológico e monumentos naturais, o Rio tem 57 unidades de conservação ambiental, segundos dados de 2006 do IPP. Apesar de protegidas por lei, algumas dessas áreas sofrem a ameaça da ocupação irregular, seja pela expansão de comunidades carentes ou de construções de classe média. De acordo com dados da SMAC, do IPP e do SABREN (Sistema de Assentamentos de Baixa Renda), das 680 favelas cadastradas em 2003, 375 localizavam-se a até 400 metros de unidades de conservação ambiental. Dezessete delas estavam inseridas total ou parcialmente dentro dessas áreas de preservação, sendo que oito só na região de Barra/Jacarepaguá e sete na Zona Sul.

– A questão habitacional é um dos problemas sociais de maior gravidade, não apenas no Rio de Janeiro, mas em todo o País. Os governos precisam tratá-lo com muito cuidado e seriedade, para atender às necessidades dos moradores das comunidades carentes, dando-lhes condições dignas de vida, mas sem descuidar das questões ambientais – conclui a presidente executiva do RCV, Rosiska Darcy.

Perfil do Rio como Vamos - O Rio como Vamos é um movimento de cidadania que propõe a mensuração e divulgação de indicadores da qualidade de vida no Rio de Janeiro. Sua meta é municiar a sociedade com informações para que ela possa exigir a melhoria nos serviços prestados pela administração pública. Inspirado no bem-sucedido Bogotá cómo Vamos – desenvolvido na capital colombiana há mais de dez anos e que é reconhecido naquele país como o programa responsável pela melhoria da qualidade de vida e pela eleição de uma seqüência de três prefeitos com bom desempenho – o movimento carioca foi lançado no dia 28 de agosto de 2007, por representantes da sociedade civil e empresários. Seu objetivo é mobilizar a população para fiscalizar a evolução da qualidade de vida na cidade.

A idéia nascida na capital colombiana se espalhou por outros países da América Latina, formando uma rede de cidades com objetivos comuns, como Cali, Cartagena e Medelín (Colômbia), Buenos Aires (Argentina), Lima (Peru), Quito (Equador) e Santiago (Chile). No Brasil, o movimento já está presente em 23 cidades, entre elas Rio de Janeiro, São Paulo – a primeira cidade brasileira integrante da rede, onde ganhou o nome de Nossa São Paulo: Outra Cidade –, Brasília (DF), Belo Horizonte (MG), Belém (PA), Curitiba (PR), Florianópolis (SC), Goiânia (GO), Porto Alegre (RS), Recife (PE), Salvador e Ilhéus (BA), Santos (SP), Vitória (ES), além de Niterói e Teresópolis (RJ).

O sistema de indicadores do Rio como Vamos engloba 13 temas: Saúde; Educação; Transporte; Violência e Segurança Pública; Pobreza e Desigualdade Social; Meio Ambiente; Lazer e Esporte; Cultura; Habitação e Saneamento; Inclusão Digital; Trabalho, Emprego e Renda; Orçamento e Vereadores. Para se chegar a esses indicadores, o grupo técnico do movimento definiu uma série de critérios, tais como a forma como a população poderá utilizar as informações; a possibilidade de desagregação dos dados para que seja avaliada cada região e/ou bairro; a existência de uma série histórica; entre outros. A idéia é, a partir desses indicadores, mapear áreas da cidade e setores da administração pública que necessitam de mais atenção e investimentos.

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