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18/06/2009 - 10:06

Esperança para bioma ameaçado: harpia solta há um ano na Mata Atlântica é fotografada por pesquisadores

Pesquisadores fotografaram um símbolo de esperança para a Mata Atlântica brasileira. Solta há um ano, a primeira harpia adulta a ser monitorada via satélite no Brasil foi avistada pelos pesquisadores do Projeto Harpia na Mata Atlântica, no Parque Nacional Pau-Brasil (PARNA Pau-Brasil), em Porto Seguro (BA). Além do sucesso de um sério trabalho de pesquisa, isso significa que a biodiversidade existente comporta animais do topo da cadeia alimentar, como é o caso desta que é considerada maior ave de rapina das Américas, também conhecida como gavião-real.

De acordo com o pesquisador Gustavo Carvalho, da ONG SOS Falconiformes, a ave foi avistada na última quarta-feira, dentro do PARNA, local onde foi realizada a sua soltura, em maio de 2008. “Recebemos as coordenadas e entramos na mata na madrugada do dia 10, depois de muita caminhada, conseguimos avistá-la pousada em uma árvore, por volta das 9 horas da manhã”, comemorou Carvalho.

O gavião-real vem sendo monitorado, via satélite, desde o dia 15 de maio do ano passado, quando foi solto pelos pesquisadores do Projeto, após passar 15 dias em avaliação.

De acordo com a pesquisadora, Tânia Sanaiotti, do Instituto Nacional de Pesquisas Amazônicas (INPA) e coordenadora do projeto Harpia na Mata Atlântica, o avistamento mostrou o sucesso do resgate e da soltura. A ave está em boas condições de saúde, mostrando que está conseguindo sobreviver no seu habitat.

Histórico - O que salvou este exemplar da harpia solto em maio de 2008, foi a iniciativa dos funcionários da Fazenda Aliança, Itagimirim (BA), os irmãos João e Osvaldo Pereira dos Santos. Depois de encontrarem a ave caída no campo, a levaram a cavalo para a sede da fazenda e buscaram ajuda do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (IBAMA).

Após o resgate, os fiscais do IBAMA entraram em contato com a equipe da Estação Veracel, que desde 2004, trabalham na reabilitação de um outro exemplar da harpia que vive em cativeiro há 12 anos. Com a orientação da equipe, o animal foi para o Centro Médico Veterinário do Dr. Mário D´ávila, em Eunápolis, para receber tratamento. Mais tarde, com a participação dos pesquisadores do Projeto Gavião Real, foi possível avaliar o animal e planejar a sua soltura.

Ela é o quinto indivíduo de vida livre a receber uma anilha do Centro Nacional de Pesquisa para Conservação das Aves Silvestres (CEMAVE), e o segundo no Brasil (a primeira adulta) a receber um radiotransmissor equipado com GPS para rastreamento de sua movimentação, mas foi o primeiro indivíduo a ser marcado e monitorado na Mata Atlântica, pois todos os outros foram na Amazônia.

O “Projeto Harpia na Mata Atlântica” é um dos subprojetos do Programa de Conservação do Gavião-real, também coordenado pela pesquisadora Tânia Sanaiotti e que teve seu início na região Amazônica há dez anos, cujo objetivo principal é a conservação da espécie no Brasil.

De volta à natureza - Realizado no dia 15 de maio de 2008, o procedimento para a devolução do animal à natureza durou aproximadamente uma hora. Para garantir o sucesso da soltura e os resultados do monitoramento o pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), José Eduardo Mantovani, permaneceu monitorando a harpia nos primeiros dias pelas matas do Parque do Pau Brasil. “O indivíduo foi acompanhado por 15 dias do amanhecer ao entardecer, para garantir que ela caçou em sua primeira semana em liberdade”, explicou Mantovani.

A ave será monitorada por satélites brasileiros por três anos, gerando informações sobre a movimentação na floresta Atlântica e nos mosaicos formados pelas matas e plantios de eucalipto, bem como a distância de dispersão desta espécie nesta região. Segundo Mantovani, os resultados do 1o ano de monitoramento mostram que ela voou muito além do Parque, usando uma área equivalente a duas vezes o tamanho do PARNA.

Para o pesquisador, este projeto é de grande importância, tendo em vista que os resultados servirão como subsídios para futuros programas de manejo e conservação da espécie no bioma da Mata Atlântica.

Educação Ambiental na comunidade - No dia 09, os 128 alunos da Escola Indígena da Aldeia Velha, em Arraial D’Ajuda, comemoraram junto com a equipe do Projeto Harpia na Mata Atlântica um ano de soltura da 1ª harpia. Com o objetivo de comemorar a soltura e ao mesmo tempo realizar um programa de Educação nas escolas rurais e indígenas do entorno da RPPN Estação Veracel e do Parque Nacional Pau-Brasil (local onde foi realizada a soltura em maio de 2008). Foram realizados dois concursos, um para escolha de um nome indígena para o gavião e de um slogan.

Katumbayá – que significa mãe da mata – foi o nome indígena escolhido pela comissão julgadora do concurso, que contou com a participação dos alunos dos 5os e 6 os anos das Escolas Indígenas de Aldeia Velha e de Imbiriba. O nome vencedor foi sugerido por Mateus Lira, do 5º ano da Escola Indígena de Aldeia Velha. “Já vi uma harpia lá na manga, próximo à mata aqui da aldeia. Ela é grande, bonita, parecendo uma águia. È a mãe das matas.”, contou o pequeno índio pataxó.

O menino Michel Santos Pereira, da Escola Municipal Tiradentes, distrito de Vale Verde, município de Porto Seguro, foi o autor do slogan vencedor: “Katumbayá – Relíquia das florestas!“. A premiação de Michael foi realizada no dia 10, com um evento comemorativo em sua escola. Nesta etapa do concurso, concorreram 143 slogans enviados pelos alunos das Escolas Municipais Tiradentes e Coqueiro Alto, do entorno do Parque Nacional Pau-Brasil.

Outra ave está pronta para retornar a natureza - Ao mesmo tempo que comemoram os resultados de um ano de monitoramento, os pesquisadores se preparam para a soltura de um outro exemplar de gavião-real, que será a 1ª harpia do mundo a retornar a natureza, depois de viver 12 anos em cativeiro.

A soltura está prevista para o mês de julho deste ano. A ave foi avaliada pelo pesquisador Roberto Azeredo, presidente da CRAX – Sociedade de Pesquisa da Fauna Silvestre, que acredita que o animal está em condições para retornar a natureza.

O CRAX é uma fundação que trabalha na reprodução de aves da fauna, em especial da Mata Atlântica, para reintrodução na natureza. Para Azeredo, as informações já conseguidas até o momento com o projeto já justificam todo o processo. "Esta soltura, a primeira que tenho conhecimento na área de Mata Atlântica, irá dar respostas sobre a viabilidade de fazer a devolução ao habitat natural de outros animais que tenham permanecido por muito tempo em cativeiro", destacou Azeredo.

Este gavião-real vive num cativeiro construído especialmente para ele na RPPN Estação Veracel, desde 1997, quando foi entregue por fiscais do IBAMA, após ser resgatado na região. Em 2004, foi avistado outro gavião-real na Estação e, em 2005, um ninho foi encontrado na mesma área. Isso despertou o interesse para que fosse realizada a soltura da ave ainda em cativeiro.

Desta forma, surgiu o Projeto Harpia na Mata Atlântica, que é financiado pela Veracel Celulose S.A. e desenvolvido de forma integrada pelos pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas Amazônicas (INPA), Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), IBAMA, Associação Brasileira de Falcoeiros e Preservação de Aves de Rapina (ABFPAR), SOS Falconiformes, CRAX e RPPN Estação Veracel. | www.veracel.com.

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