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12/09/2009 - 11:18

Empresa estimula geração de renda com preservação ambiental no coração da Amazônia

Comércio justo, cadeia produtiva limpa se transformam em sustentabilidade e geração de renda para centenas de comunidades extrativistas da Amazônia.

As tradições populares ensinam que andiroba, cupuaçu, ucuuba ou bacuri são produtos amazônicos com propriedades cosméticas e medicinais salutares. Algumas centenas de comunidades extrativistas da Amazônia, incentivadas por empresas, estão transformando este conhecimento em renda e preservação da floresta. É o caso da empresa Naturais da Amazônia que ensina a aprimorar as técnicas de extração dos “ingredientes amazônicos” e transformá-los, dentro da própria comunidade, em óleos e manteigas naturais para serem, posteriormente, vendidas às indústrias cosméticas de todo o mundo.

Há nove anos, a Naturais da Amazônia, que prevê faturar R$ 2,4 milhões em 2009, se estabeleceu em Belém (PA) para produzir óleos, cremes, sabonetes 100% naturais, vendidos, sobretudo, ao mercado internacional. Os insumos eram adquiridos de atravessadores o que fez Arnoldo Luchtenberg, diretor da empresa, vislumbrar a possibilidade de fomentar um projeto de sustentabilidade ambiental e social.

Foi assim que começaram as parcerias com as comunidades extrativistas tradicionais da Amazônia. Depois de quatro anos de pesquisa, a Naturais conseguiu desenvolver o processo tecnológico e equipamento adequados para as comunidades transformarem sementes em óleos e manteigas. A partir de então, a empresa decidiu ensiná-las a beneficiar as sementes, gerando um produto de maior valor agregado. A figura do atravessador deixou de existir já que a empresa garante 100% da comercialização da produção. Em contrapartida, a comunidade se compromete a não desmatar.

Para Luchtenberg, o ganho foi de conseguir firmar parcerias em diversas regiões que poderiam fornecer com a quantidade e qualidade desejável. Hoje, a cadeia produtiva que resulta na linha de produtos comercializada pela Naturais possui a certificação suíça orgânica e ecossocial IMO (Instituto de Mercado Ecológico). “O nosso projeto permite que essas comunidades extrativistas consigam se sustentar, manter suas tradições, com prosperidade econômica e a responsabilidade de preservar a floresta”, explica Luchtenberg. A meta dele é que em 2010 a empresa esteja faturando R$ 3,5 milhões e, em 2011, R$ R$ 5 milhões.

A Naturais trabalha com 139 comunidades extrativistas presentes na Bolívia e nos estados do Amapá, Amazônia, Acre e Pará. No Pará estão 60% dessas comunidades, o que levou a Secretaria de Estado de Agricultura (Sagri), em 2008, a se tornar uma das parceiras do projeto.

No Pará -Os recursos do governo paraense permitiram às comunidades adquirirem as mini-usinas para extração de óleos e manteigas para quatro dos cinco pólos produtivos existentes no estado, beneficiando 327 famílias. Cada mini-usina custa cerca de R$ 58 mil. A Secretaria também se encarrega de organizar o espaço físico para fazer beneficiamento das oleaginosas e de pagar a certificação para que os produtos possam seguir para mercados cobiçados como a Europa, Estados Unidos e Japão - destinos de 80% a 90% da produção.

“O objetivo é beneficiar e valorizar comunidades que têm ligação há gerações com o extrativismo sustentável, ajudando-as a eliminar o atravessador que lhes tira o valor do trabalho, viabilizando sua permanência na floresta”, afirma Cássio Pereira, secretário de Agricultura do Pará.

Fair Trade - De acordo com Luchtenberg, toda a produção da Naturais da Amazônia – 650 mil potes de cremes, um milhão de vidros de óleos e 90 mil sabonetes por ano – é comercializada pela internet. Para ele, a escolha por mercados internacionais é a mais viável para a prática de comércio justo, já que entendem e valorizam a certificação ecológica. Os produtos comercializados pela Naturais não levam aditivos químicos e, de acordo com Luchtenberg, possuem qualidade superior graças ao processo de seleção das sementes e ao manuseio do produto final realizado pela comunidade. “Um dos segredos é realizar a coleta das sementes antes da germinação”, explica. São utilizadas como matéria-prima as cadeias produtivas da andiroba, babaçu, buriti, pracachy, castanha do Pará, semente de mar acujá, patoá, copaíba, murumuru, ucuuba, cupuaçu e bacuri.

Além da capacitação para produção, a empresa também estimula a criação de pequenas associações com objetivo de ensinar gestão em empreendimentos comunitários e de preservar a Amazônia. O lixo orgânico, resultado do processamento das oleaginosas também é fonte de riqueza, sendo reaproveitado pela comunidade como adubo orgânico. Se o processo fosse feito em Belém, seria inutilizado.

O extrativista Miguel Padre, da comunidade Uruará, região da Transamazônica é um dos beneficiados com o projeto, junto com as 75 famílias de sua comunidade. “Começamos em dezembro e ainda estamos aprendendo as técnicas, mas nesses seis meses conseguimos comercializar R$ 10 mil. É uma renda extra, que não contávamos”, informa. Este valor segundo as projeções de Luchtenberg pode ser triplicado até 2010.

O valor que cada família ganha pode variar de acordo com a safra e dos tipos de produtos existentes em cada região. Existe comunidade que só extrai bacuri que gera uma renda para cada família de cerca R$ 1300 por safra que vai de dezembro a junho. Em locais onde existe o pracaxi, por exemplo, o rendimento das famílias pode aumentar para R$ 3 mil e assim por diante. Mas ao final de cada safra, somando todas as famílias envolvidas, é possível entregar mais de R$ 450 mil às 139 comunidades.

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